Então pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas,
Depois, vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir de nós o azul ausente
E aprisionar no azul as coisas gratas,
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
Que na amplidão que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
E vimos que entre nós havia um sul
Vertiginosamente azul. Azul
Soneto do Desmantelo Azul - Carlos Pena Filho
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Soneto do Desmantelo Azul
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