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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Explicação de Poesia Sem Ninguém Pedir


Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.

"Explicação de Poesia Sem Ninguém Pedir"- Adélia Prado

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Janela


Janela, palavra linda.
Janela é o bater das asas da borboleta amarela.
Abre pra fora as duas folhas de madeira à-toa pintada,
janela jeca, de azul.
Eu pulo você pra dentro e pra fora, monto a cavalo em você,
meu pé esbarra no chão.
Janela sobre o mundo aberta, por onde vi
o casamento da Anita esperando neném, a mãe
do Pedro Cisterna urinando na chuva, por onde vi
meu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai:
minhas intenções com sua filha são as melhores possíveis.
Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão,
clarabóia na minha alma,
olho no meu coração.

" Janela" - Adélia Prado

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Anímico


Thirsty little Buttercup ..., originally uploaded by Azorina.


Nasceu no meu jardim um pé de mato
que dá flor amarela.
Toda manhã vou lá p'ra escutar a zoeira
da insetaria na festa.
Tem zoado de todo jeito:
tem do grosso, do fino, de aprendiz e de mestre.
É pata, é asa, é boca, é bico,
é grão de poeira e pólen na fogueira do sol.
Parece que a arvorinha conversa.

Anímico - Adélia Prado