“Não há prazer comparável ao de encontrar um velho amigo, a não ser o de fazer um novo.”
Rudyard Kipling
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Um amigo...
O sorriso
Creio que foi o sorriso,
O sorriso foi quem abriu a
porta.
Era um sorriso com
muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa,
ficar
nu dentro daquele
sorriso.
Correr, navegar, morrer
naquele sorriso.
O sorriso
Eugénio de Andrade in «O Outro Nome da Terra»
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sábado, 23 de fevereiro de 2008
O verdadeiro significado das coisas...
O verdadeiro significado das coisas se encontra na capacidade de dizer as mesmas coisas com outras palavras.
Charles Chaplin
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Desalento
Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu chorei
Que eu morri
De arrependimento
Que o meu desalento
Já não tem mais fim
Vai e diz
Diz assim
Como sou infeliz
No meu descaminho
Diz que estou sozinho
E sem saber de mim
Diz que eu estive por pouco
Diz a ela que estou louco
Pra perdoar
Que seja lá como for
Por amor
Por favor
É pra ela voltar
Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos
Desalento - Vinícius de Moraes
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Light
The Poets light but Lamps—
Themselves—go out—
The Wicks they stimulate—
If vital Light
Inhere as do the Suns—
Each Age a Lens
Disseminating their
Circumference—
Emily Dickinson
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
You become things...
You become things, you become an atmosphere, and if you become it, which means you incorporate it within you, you can also give it back. You can put this feeling into a picture. A painter can do it. And a musician can do it and I think a photographer can do that too and that I would call the dreaming with open eyes.
Ernst Haas
You may be sorrow...
“You may be sorry that you spoke, sorry you stayed or went, sorry you won or lost, sorry so much was spent. But as you go through life, you'll find - you're never sorry you were kind.”
Herbert Prochnow
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
sábado, 1 de dezembro de 2007
When words become unclear...
When words become unclear, I shall focus with photographs. When images become inadequate, I shall be content with silence.
Ansel Adams
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
To make a prairie...
To make a prairie it takes a clover and one bee, One clover, and a bee, And revery. The revery alone will do, If bees are few.
Emily Dickinson
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Tenho pena...
Tenho pena de tudo quanto lida
Neste mundo,de tudo quanto sente,
Daquele a quem mentiram,de quem mente,
Dos que andam pés descalços pela vida,
Da rocha altiva sobre o monte erguida,
Olhando os céus ignotos frente a frente,
Dos que não são iguais à outra gente,
E dos que se ensanguentam na subida!
Tenho pena de mim...pena de ti...
De não beijar o riso duma estrela...
Pena dessa má hora em que nasci...
De não ter asas para ir ver o céu...
De não ser Esta ...a Outra...e mais Aquela...
De ter vivido e não ter sido Eu...
Florbela Espanca
quarta-feira, 27 de junho de 2007
Behold the duck
Behold the duck.
It does not cluck.
A cluck it lacks.
It quacks.
It is specially fond
Of a puddle or pond.
When it dines or sups,
It bottoms ups.
Ogden Nash
sexta-feira, 22 de junho de 2007
O rio
Uma gota de chuva
A mais, e o ventre grávido
Estremeceu, da terra.
Através de antigos
Sedimentos, rochas
Ignoradas, ouro
Carvão, ferro e mármore
Um fio cristalino
Distante milénios
Partiu fragilmente
Sequioso de espaço
Em busca de luz.
Um rio nasceu.
"O rio" - Vinicius de Moraes
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Sobre estas duras...
Sobre estas duras, cavernosas fragas,
Que o marinho furor vai carcomendo,
Me estão negras paixões n'alma fervendo
Como fervem no pego as crespas vagas.
Razão feroz, o coração me indagas,
De meus erros e sombra esclarecendo,
E vás nele (ai de mim!) palpando, e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas.
Cego a meus males, surdo a teu reclamo,
Mil objectos de horror co'a ideia eu corro,
Solto gemidos, lágrimas derramo.
Razão, de que me serve o teu socorro?
Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue: eu peno, eu morro.
Sobre estas duras - Bocage
quarta-feira, 6 de junho de 2007
Como será estar contente?
"Como será estar contente?
Lançar os olhos em volta,
moderado e complacente,
e tratar com toda a gente
sem tristeza nem revolta?
Sentir-se um homem feliz,
satisfeito com o que sente,
com o que pensa e com o que diz?
Como será estar contente?
..."
António Gedeão, in: Máquina de Fogo, 1961
Rosa e Lírio
Rosa e Lírio
A rosa
É formosa;
Bem sei.
Porque lhe chamam - flor
D'amor,
Não sei.
A flor,
Bem de amor
É o lírio;
Tem mel no aroma - dor
Na cor
O lírio.
Se o cheiro
É fagueiro
Na rosa;
Se é beleza - mor
Primor
A rosa,
No lírio
O martírio
Que é meu
Pintado vejo : cor
E ardor
É o meu.
A rosa
É formosa,
Bem sei...
E será de outros flor
D'amor...
Não sei.
Folhas Caídas de Almeida Garrett
sábado, 2 de junho de 2007
Gente humilde
Gente Humilde
Tem certos dias em que eu penso em minha gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como um desejo de eu viver sem me notar
Igual a como quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem vindo de trem de algum lugar
E aí me dá uma inveja dessa gente
Que vai em frente sem nem ter com que contar
São casas simples, com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda, flores tristes e baldias
Como a alegria que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza no meu peito
Feito um despeito de eu não ter como lutar
E eu que não creio peço a Deus por minha gente
É gente humilde, que vontade de chorar
Vinicius de Moraes
Send me a leaf...
Send me a leaf, but from a bush
That grows at least one half hour
Away from your house, then
You must go and will be strong, and I
Thank you for the pretty leaf.
Bertolt Brecht
