Que difícil que é a vida dos homens, pensou ela. Eles não têm asas para voar por cima das coisas más.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in A Fada Oriana
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Eles não têm asas...
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Soneto da Terra
"Quem me dera poder retribuir-te
Em vida, tudo aquilo que me deste,
Este sopro de vida sem pedir-me
Nada em troca, daquilo que fizeste.
Gritar em defesa do teu nome
Lamentar por teus filhos avarentos
Morrer, pra saciar tua fome.
Escrever tua saga, teu lamento...
Mãe Terra, de tantas voltas vividas,
Pérola das águas, do poder da vida.
Vida tirana que decreta a morte.
Apesar de tudo, continuas forte.
Teu ciclo de vida... Maior que o homem
Devolvendo a vida e coroando a morte."
Soneto da Terra - José Manoel dos Santos
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Ah! Querem uma Luz
Ah! querem uma luz melhor que a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é prados mais prados que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores —
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Ah! Querem uma Luz - Alberto Caeiro
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Na Passagem de um ano
Erros nossos não são de toda a gente
Tropeçamos às vezes na entrega
Mas retomamos sempre a marcha em frente
Massa humana que nada desagrega.
Para nós o passado e o presente
São futuro no qual o povo pega
Com suas mãos de luz incandescente
Que aquece que deslumbra mas não cega.
Para nós não há tempo. O tempo é vento
Soprando ano após ano sobre a história
Que para nós é vida e não memória.
Por isso é que no tempo em movimento
Cada ano que passa é meu tempo
Para chegar ao tempo da vitória.
Na Passagem de um ano - José Carlos Ary dos Santos
Obra Poética
domingo, 9 de dezembro de 2007
Velhas árvores
Velhas árvores
Olha estas velhas árvores, — mais belas,
Do que as árvores mais moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas . . .
O homem, a fera e o inseto à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E alegria das aves tagarelas . . .
Não choremos jamais a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória da alegria e da bondade
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Olavo Bilac
sábado, 1 de dezembro de 2007
Para sempre
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho
PARA SEMPRE - Carlos Drummond de Andrade
PS: Para ouvir o próprio poeta recitando este poema
memoriaviva.digi.com.br/drummond/poema039.htm
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Of course, there will always be...
Of course, there will always be those who look only at technique, who ask 'how', while others of a more curious nature will ask 'why'. Personally, I have always preferred inspiration to information.
Man Ray
